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Foto do escritorGrupo Salineira

O ETERNO APRENDIZ (Osmar Alves)

O ETERNO APRENDIZ

Osmar Alves


Oi, eu vim do futuro, do passado e do presente. Quem sou eu? Eu sou você! É, você mesmo que está lendo essa carta, mas não estou escrevendo apenas para você, estou escrevendo para todos vocês. E o que eu tenho a dizer é muito importante.


Há milhares de anos, abri meus olhos pela primeira vez, não sabia meu nome, onde estava, quem eu era e nem como me comunicar. Mas sabia que não estava sozinho, havia outros iguais a mim, porém, estavam tão desnorteados quanto eu.


Como estávamos todos juntos, queríamos aprender a nos comunicar, e assim, desenvolvemos um conjunto de sons, que muito mais tarde seria conhecido como linguagem. Com isso, formamos uma aldeia, onde caçávamos animais, aprendemos a “dominar” o fogo e a plantar alimentos. Lembro de sentarmos ao lado da fogueira, em uma noite fria qualquer e observar o céu, olhávamos atentamente para aqueles pequenos pontos brilhantes, tão numerosos quanto os grãos de areia do chão.


Com o passar do tempo, aprendemos novas técnicas de plantio e criação de animais, muitas das vezes, eu e meus familiares íamos para outros lugares, regiões melhores e com mais água. Aprendi a plantar com as mulheres da aldeia e a caçar com os homens, aprendi também, a respeitar os líderes e os deuses.


Após alguns séculos, nossa aldeia não era mais a mesma, havia muitas pessoas indo e vindo de muitos lugares, casas pequenas, grandes e até monumentos estranhos que chamavam de pirâmides. O aprendizado nos permitiu inventar o comércio, construir barcos, palácios, criar um alfabeto e entender melhor o espaço. E o que fazíamos quando não sabíamos explicar algo? Atribuíamos aos deuses e ao sobrenatural, pois sempre tivemos dificuldade de admitir a nossa ignorância.


O desejo de conhecer o desconhecido fizeram surgir impérios gigantescos, sempre em busca de mais poder e mais conhecimento, aprendi que, quem sobrevive não é o mais forte e sim o mais sabido. Por isso que nós, homo sapiens, sobrevivemos, enquanto outras espécies humanas, como os neandertais, foram extintas.


Muita coisa mudou nos últimos milhares de anos, impérios caíram, guerras foram ganhas e perdidas, megacidades foram construídas, máquinas como o trem, carro, avião e o foguete foram inventados, criaram a cura e tratamento para doenças e aprendemos sobre a mente e o cérebro de nossa espécie. No entanto, uma coisa continuou a mesma, intacta, o desejo pelo conhecimento.


A era espacial começou, a vontade de aprender sobre o universo, o tempo e sobre a vida, está mais viva do que nunca. Uma coisa é muito interessante, há milhares de anos quando estava ao redor daquela fogueira, olhando para o espaço, me perguntava o que tinha lá. Hoje, milhares de anos depois, com uma tecnologia que permitiu levar o homem à Lua, satélites ao espaço e a exploração de outros planetas, continuo me fazendo a mesma pergunta: o que tem lá?


Nosso desejo por aprender é tão infinito quanto o universo que estamos tentando conhecer. E aqui estamos nós, um grãozinho de poeira flutuando no infinito espaço, sempre à procura da mesma coisa: aprender.

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